"Aproximei-me definitivamente do Roberto Auad, em política prática e efetiva, no 1º semestre de 1997, após ter assessorado as eleições do SINDADOS de Belo Horizonte, que resultou na nossa vitória e na derrota do grupo liderado por Rogério Correia (PT). [...]
Naquela ocasião, o Roberto Auad, animado com o resultado, propôs-me uma assessoria semelhante e se dispôs a se candidatar a presidente da OAB/MG. Todos os céticos e as bolas de chumbo históricas acharam uma pilhéria, especialmente, a turma zé-ninguém da política, os reacionários clássicos e os que apostavam na eternidade da derrota política, na hierarquia social e profissional, todos vinculados às grandes forças parasitárias da sociedade.
Apoiei o Roberto desde a primeira conversa séria, nos bastidores ativos, com a força de minha caneta: foi uma das decisões mais acertadas que já fiz na vida. Até hoje não apareceu nada igual na história política da OAB/MG, pois nosso agrupamento rejeitou abertamente o arrivismo, o servilismo, o oportunismo, o carreirismo e a cooptação por grupos empresariais da advocacia, que dominam a OAB/MG até hoje. Não posso expor o nosso antigo programa político aqui, mas peçam ao Roberto e, quem sabe, ele o fará.
Ninguém, inicialmente, acreditou na força política e na capacidade de articulação do Roberto: mas, em pouco tempo, deixamos nossa marca histórica em duas eleições consecutivas da OAB/MG e o nome dele, junto com o slogan "Dignidade e Independência", adquiriu notoriedade e cresceu bastante. Nossa CHAPA era uma aliança dos advogados assalariados, das pequenas empresas de advocacia (sem advogados empregados) e da advocacia pública contra os cartéis das grandes empresas de advocacia, defensoras ideológicas profissionais do capital monopolista, etc. O choque de interesses econômicos foi violento. [...]
Quem acha pouco, nada sabe da realidade histórica, inclusive a panfletagem ombro a ombro, descendo inúmeras escadarias de Edifícios comerciais de escritórios no centro de Belo Horizonte [...]
Mas, hoje, vemos que o mundo mudou para pior, a crise econômica está aí e veio para ficar por um bom tempo, e o Roberto Auad, temperado pela luta política da OAB/MG, ex-líder do CAAP da FDUFMG e cansado de suportar malas sem alça da política no movimento da OAB/MG e no Sindicato dos Advogados (entidade da qual se tornou presidente e renasceu dos escombros, após anos de inércia), os insuportáveis liquidadores de qualquer política e qualquer movimento, retornou à ativa de modo lúcido e decidido ao PCB em 2011, após este partido ter se reciclado com alta qualidade, ideologicamente, tudo depois de Encontro histórico nacional de 2009.
Aqui, mais uma vez, o que importa não é a simples vitória eleitoral, mas a demarcação ideológica e a oportunidade para rejeitar a vulgaridade, a covardia, o ceticismo, o deboche, o achincalhe e o patrulhamento violento e agressivo desta sociedade altamente exploradora e dominadora. Eleição não deve se tornar pastiche de narração de corridas do Hipódromo da Gávea ou de concorrência de programas humorísticos da TV.
Admiro a coragem, o otimismo, o eterno bom humor de Roberto Auad, um homem que sabe viver a vida como deve ser vivida e não tem vergonha de se engajar e defender o que pensa. Se o Roberto for eleito, será uma vitória de todos nós, que estamos enojados deste mundo burguês miserável. Será o início de uma luta maior e muito, muito mais difícil: no dia seguinte, já contará com a minha colaboração ativa. E, se não ganhar, não faz mal, faremos outras atividades conjuntas e intelectuais, pois teremos histórias para contar, talvez inspiradas em "Confissões" do grande intelectual Darcy Ribeiro..."
Prof. Dr. Vinícius Lima,
professor na PUC Minas
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